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Kung Fu de Circo e Arte Folclore

Questões sobre Kung fu de “Circo” e Arte de Folclore...

        Muito se discute sobre estética e plasticidade de movimento e não se discute que a arte marcial necessitava de (e exige) eficácia e não de firulas. Entretanto a história da China é permeada por muitos conflitos e guerras que faziam com que os governantes sempre se preocupassem com a qualidade de seu exército e a supressão de opositores... Como exemplo de que a estética e funcionalidade não tem nada haver com apresentação de circo ou de rua como forma de trabalho (que surgiu em diversos períodos da China) destaca-se três pontos:

- O primeiro imperador, Qin Shi Huang, após a unificação ordenou a destruição de todas as armas da população civil. Estas, após serem derretidas, transformaram-se em estátuas e sinos. Foi ordenado que a prática marcial civil deveria ser única e exclusivamente para espetáculo e entretenimento. Vale ressaltar que o principal objetivo não era o “show”, mas sim desarmar a população inclusive no conhecimento técnico das artes marciais. Para auxiliar este processo foi criado um esporte Jiao di, que posteriormente (209 a.C.) o próprio imperador transformou em esporte militar oficial em cerimônias...

- Kang Gewu, historiador chinês, destaca duas modalidades de prática marcial na dinastia Song (960-1279). A primeira era Shi Zhan Wuyi, prática marcial aplicada treinada pelo exército e, a segunda, Hua Fa Wuyi, praticada pela população com foco em exibição. Durante o período desta dinastia, foi dado o enfoque a prática do Hua Fa Wuyi, justamente para poder controlar o conhecimento e eficiência da prática marcial da população civil e, como consequência, de possíveis opositores.

- Segundo o mesmo historiador, Kang Gewu, durante a dinastia Qing o chamado kung fu folclórico chegou ao exército, em parte devido as cerimônias e rituais, mas na verdade foi devido ao medo do Imperador de sofrer golpes de estado. As tropas de etnia Qing continuavam a prática marcial voltada à aplicação real, enquanto as tropas de etnia Han treinavam o kung fu folclórico e sem funcionalidade. Deste modo o Imperador controlava, não apenas a população que foi proibida de praticar artes marciais, mas também separava e selecionava seu exército de acordo com sua crença em fidelidade e potencial de risco...

       De uma forma muito superficial estes três pontos da história mostram que a arte marcial sempre foi reprimida nos grupos não pertencentes ao governo vigente o que certamente levou a prática marcial “deturpada” pela população civil, ou seja, sem o foco no qual foi concebida (funcionalidade).

      Se for analisar, segundo o que está registrado na história, desde o primeiro imperador há restrições a prática marcial, o que deve nos fazer pensar no quanto se perdeu ao longo do tempo e valorizar o que foi mantido e recuperado nos estilos tradicionais (cuja evolução técnica e prática é outra conversa)...
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